Os
megaeventos esportivos e
o
desperdício de legados
José Cruz
José Cruz
Depois da “Copa das
Copas” o governo se prepara para ter “a melhor Olimpíada de todos os tempos”. E
ficará a ideia de que, de fato, somos os melhores, imbatíveis etc e tal. Pura
ilusão, porque na falta de competência de muitos a hospitalidade brasileira
compensa, e a imagem nacional turbina lá fora, o que é muito bom, com certeza.
Neste
primeiro contato com os leitores, lembro que o Brasil se candidatou a oito
grandes eventos esportivos: Jogos Pan-Americanos de 2007, Jogos
Mundiais Militares (2011) , Jogos
Escolares Mundiais (2013), Copa das
Confederações (2013), Copa do Mundo de Futebol (2014), Jogos Olímpicos do Rio de Janeiro (2016), Jogos Paralímpicos (2016) E Universíade
– Brasília 2019.
E
daí? Qual o grande projeto esportivo brasileiro para a juventude, para os
estudantes em geral, para os universitários? Não temos. Até porque, ainda hoje
se discute se devemos ou não ter a elementar prática de educação física na
idade escolar.. Insisto, para evitar a ira dos contrários, que não é
transformar a escola em centros de formação de atletas. Mas não se pode
desperdiçar o potencial de 40 milhões de estudantes, onde devem estar
escondidos milhões de talentos.
Brasília
recebeu no ano passado os Jogos Escolares Mundiais. Lamentavelmente,não tinha
crianças nem estudantes nos ginásios, pistas ou piscinas. Estavam vazios.
Perdeu-se a oportunidade de incentivar a nova geração à prática esportiva. E
aqui estavam representantes de mais de 100 países, muitos em ascensão para,
quem sabe, estarem nos Jogos Olímpicos do Rio de Janeiro.
Essa
é a questão: para que servem os megaeventos, além de enriquecer empreiteiras em
obras superfaturadas, como demonstrou o TCU em suas auditorias do Pan 2007?
Qual a destinação dos valiosos espaços construídos?
A
propósito, qual o grande legado para o Rio de Janeiro deixado pelo Pan? Sete
anos depois, o que ficou foi um estádio de futebol fechado – o Engenhão –,
porque a cobertura estava desabando.
E o
que dizer do Velódromo de R$ 15 milhões, destruído, porque não atende às
necessidades olímpicas? então, será construido outro, de R$ 170 milhões...
E o
Estádio do Remo da Lagoa, terceirizado e com limitação de espaço para os
atletas? Finalmente: como podemos ter esperanças num Brasil olimpicamente
progressista se até o laboratório antidoping perdeu o credenciamento e não há
muitas chances de recuperá-lo até 2016?
Em
seminário que participei, o médico gaúcho Eduardo de Rose lembrou que a Agência
Mundial Antidoping (WADA) precisa do laboratório da cidade-sede dos Jogos dois
anos antes do evento, para testar os equipamentos, promover o treinamentos de
funcionários, ténicos etc. Nosso prazo se esgotou e o Laboratório da
Universidade Federal do Rio de Janeiro está em fase de “construção”, segundo o
Ministério do Esporte. E só no ano que vem é que será pedido o novo credenciamento,
um ano antes da Olimpíada. Conseguiremos?
Enfim,
conquistamos grandes eventos esportivos, mas os governos federal, estaduais e
municipais não se prepararam para deles colher os tais "legados", que
são valiosas heranças para a população, os jovens, principalmente.
*Jornalista e blogueiro do UOL Esporte, sobre política,
economia e legislação do esporte
NOTA DO EDITOR
Nosso
site olímpico tem o prazer de publicar um comentário do amigo e colega
JCRUZ, que integra o TIME SANTA MARIA NA COBERTURA DA RIO 2016.
Ele
terá participações na coluna COMUNICAÇÃO OLIMPICA, que estreiará, a
partir do mês de agosto, depois de nossa estada no Rio de Janeiro, no
período de 3 a 9 de agosto de 2014, quando estaremos com matérias
diretas de lá, além de boletins na Rádio Imembui, às 12h50min e faremos
ampla matéria para o nosso jornal SAUDE PELA PRÁTICA, ediçao de
setembro.
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